Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

A foto no cabeçalho é uma representação da batalha naval de Sinop, a qual fez parte de cerca de 300 anos das guerras russo-turcas. Já que o Ventor não diz nada, falarei disso por aqui. Rascunhos do Quico.

_________________________________________________________________________________________________________________________

Corujas no Lugar do Sol

As Corujas no Lugar do Sol, foram por uma tarde, companheiras do Ventor.
 

Quando o Ventor caminhava entre as flores, observando roseirais bravos e fotografando umas e outras, aproveitando para fazer uma das suas poucas caminhadas, procurava observar, na mata em redor, alguma rola brava, rouxinóis, pintassilgos e outros amigos que por lá caminham ao lado dele. Mas o matagal é tão denso que, raramente, tem possibilidade de fotografar quaisquer deles, por muito grande que seja. Antes disso acontecer, o Ventor disse-me que tem de perguntar a eles, em italiano, com uma voz muito delicada ... "permisso"!

Claro que, de vez em quando, algum desses companheiros de caminhada permite que o Ventor coloque a máquina em frente da cara e dá-lhe tempo para fazer o "shot". Até parece que se riem da atrapalhação do Ventor quando, após o "click", ele fica estupefacto com a paciência do seu amigo que o observa com toda a calma do mundo e parece dizer-lhe: "vá. lá, Ventor, despacha-te! Tu não te contentas só com uma"!

 

Flores pendurads no Lugar do Sol

Não foi o caso de um casal alado, grandes como os gigantes que enfrentaram os deuses.

Do meio do matagal, saíram duas corujas das torres, junto às árvores e roseiras, passando para o lado contrário daquele que o Ventor se encontrava e pousando lá para o extremo do local onde costumam acoitar-se aquelas grandes corujas. Uma, se calhar, uma daquelas, já desceu pela chaminé do Lugar do Sol e fez tanto barulho que colocou em estado de alerta geral os ocupantes todos, tendo os perdigueiros feito tal barulheira que parece ninguém ter dormido num raio de quilómetros, em volta.

Até uma coruja deve saber como é descer por uma chaminé para contar às outras como foi. E ela já contou porque os donos da chaminé conseguiram safá-la dos cães. Agora já não voltará a descer mais. A passagem foi-lhe vedada!

O Ventor disse-me que gostaria tanto de as fotografar que até apanharia uma ratazana para lhe dar de petisco. Nah! Isso é o que ele diz!

Mas aquele local é ideal para elas. Muros velhos, destruídos e cobertos de roseiras, matos e árvores que tapam os muros e elas ali, no meio das pedras e da mata estão no seu mundo. Depois há lá todo o tipo de bicharada que ninguém consegue ver. De dia dormem, de noite caçam em espaços abertos. Uma maravilha aquele pequeno mundo daquelas corujas.

 
Uma coruja tirada da wikipédia
 

Ali só têm de fugir dos amigos do Quico. Fugir do Stick, do Gaspar, do Messi, da Maria e do Gastão. De resto, dormir e caçar para sobreviver! Antes de ver as corujas e no mesmo sítio onde o Ventor tinha visto um coelhinho da penúltima vez que esteve no Lugar do Sol, tinha visto um lagarto. Estava a apanhar sol entre as ervas e, mal viu o Ventor, "ala que se faz tarde"! O Ventor ia a pensar como é que o lagarto lhe escapara à foto e já as corujas iam no ar, a voar pausadamente. E, se o Ventor adivinhasse que elas estavam ali, sobre o muro, escondido nos amieiros, tinha feito de paparazzi.

Mas o Ventor já me disse: "estão na fila"!

Há milhares de anos na Índia

Todos nós, até eu, olhando o mapa-múndi, topamos logo com aquela figura de mapa, na prática, de um cone invertido que sai do sul do continente asiático e parece querer mergulhar pelo Oceano Indico dentro.

Também, todos nós, até gatos que tenham acesso aos grandes meios de comunicação, sabem algo sobre esse sub-continente mágico, o sub-continente indiano.

Já todos ouvimos falar desse grande planalto indiano a que os homens chamaram o Planalto do Decão. Também já ouvimos falar dos Ghats: os ghats ocidentais e os gatos orientais, cordilheiras que o Oceano Índico construiu, talvez, naquele toma lá dá cá, da estalada, eterna, entre o mar e a terra.

Música da Guerra dos Tronos (Games of Thrones)

Olhando todos esses vales por onde correm grandes rios como o Ganges (o Grande rio Sagrado) e o rio que passa em Nova Dehli, o rio Yamunda que passa junto àquele sítio a que alguém (um amigo meu), deu o nome de "Amor de Pedra Feito", em Agra e desagua, lá para baixo, no rio Ganges.

Quase todos os rios que descem dos Himalaias como o Ganges e os que nascem no Planalto do Decão, descem rumo à costa oriental e desaguam no Golfo de Bengala.

Mas a Índia, como dizia um dos meus amigos que utiliza o pseudónimo de Massarico e que já fez umas caminhadas pela Índia, é um mundo de muitos fenómenos religiosos, sociais e culturais.

Aliás, disse-me o Ventor que os indianos têm sido uma convulsão de castas pelos séculos fora, pelos milénios.

Como podemos avaliar por tudo do que sabemos, toda aquela região que hoje integra a Índia e o Paquistão, foi antes da chegada dos europeus, uma região formadora de reinos e de impérios. Por ali se digladiaram forças de campos opostos e, até, talvez, segundo rezam os investigadores de velhas civilizações, se calhar, por ali se travou uma das maiores, talvez a maior batalha da humanidade.

Poderia fazer parte dessa série da Guerra dos Sete Reinos ou Guerra dos Tronos que anda aí pelas TV's.

Muitos de vós, como eu e o Ventor, nunca terão ouvido falar da Batalha de Kurukshetra. Pois terá sido mais que uma batalha. Terá sido uma guerra. Uma guerra onde se deu uma batalha que durou 18 dias.

 
Manuscrito ilustrado da Batalha de Kurukshetra
 
Antes de continuar deixo-vos aqui a informação de que o local dessa batalha, fica perto de Nova Deli, lá para o norte da Índia. O texto que descreve esta batalha foi escrito por um dos dois maiores épicos clássicos da Índia - o Mahabarata. 
Terá sido uma luta entre dois clãs irmãos pelo trono de Hastinapura, hoje uma estação arqueológica, a Nordeste de Nova Deli.
Os Hauravas e os Pandava conseguiram arrastar reinos que se digladiaram pelos clãs rivais.
 
O Mahabarata, conta-nos que esta batalha durou 18 dias e que se enfrentaram grandes exércitos de toda a Índia. A batalha, como podemos imaginar não se deu num ano certo de um qualquer calendário mas, os indianos que se dedicaram aos seus estudos, acreditam que ele se terá dado entre 3.100 A.C. e 800 A. D. Enfrentaram-se 1.530.900 homens do lado dos Pandava e 2.405.700 homens do lado dos Kauravas. No final da batalha não foi difícil contar os sobreviventes. Ao todo 8 Pandavas e 4 Kauravas.
 
Esta batalha que durou 18 dias, ocupa metade do livro de 74.000 versos, apesar de a outra metade descrever séculos de história. 
 

O Filho do Tobias

Olá, malta!

Tenho andado cá metido numa alhada!

Quando eu era um gato livre, apetecia-me caçar tudo! Caçar os pombos, caçar pardais, caçar melros, caçar as rolas turcas que cantavam para eu não dormir, caçar ratos, caçar garças, ... tudo! As piores de todas as aves, eram as rolas! Eu dormia junto ao rio, à sombra ou ao sol e elas iam beber água e, talvez para me acordarem, só queriam cantar.

rola.jpeg

São turcas e invadiram o resto da Europa 

Ainda não percebo porque raio o Ventor gosta tanto, logo de manhã cedo, de ouvir cantar as rolas turcas. Agora elas não me chateiam tanto. Já nem as ouço mas, quando estava a dormir, só gostava de ouvir cantar as águas que desciam rumo ao Tejo para engrossar aquela grande piscina para caberem todas as tágides e elas pousavam nos salgueiros e nos choupos para me sarnarem com o seu ru-ru, ru-ru ...

Agora, logo de manhã, eu e o Ventor, mal iniciamos o dia, rumamos à varanda de trás. Ele abre a janela e, assim, lá vem o ru-ru, ru-ru, pela varanda dentro. Instalo-me no miradouro do Quico e lá andam as rolas na sua cantoria e no seu sobe e desce entre as árvores e o rio! 

melros.jpeg

Pai e filho iniciaram uma caminhada com esperança de prosseguirem

Do miradouro do Quico, eu observo tudo! É uma azáfama para todos os bichos, penudos, peludos e escamudos. Sim, até os peixes, os mais pequenos, têm vontade de se tornarem em peixes invisíveis, tal como o homem invisível de que o Ventor me fala. Eles passam a vida a ludibriar as garças que se alimentam deles. Não é por acaso que o Ventor já viu aqui um guarda-rios. Mas ele não voltou porque, as garças, comem os peixinhos todos e dos que escapam e crescem tornam-se quase monstruosos! As garças que se cuidem porque há por aí umas doze carpas que até parecem as carpas do Nilo e, as garças fogem delas.

trepadeira.jpg

Trepadeira - Certhia familliaris
 
O Ventor chama-lhe "escrevideira" porque elas parecem escrever com o bico quando apanham os pequenos insectos nos troncos das árvores

Mas, nestes últimos dias, eu e o Ventor temos aplicado toda a nossa atenção nos choupos. De manhãzinha cedo, aparecem umas avezinhas pequeninas que trepam as árvores a subir e a descer. O ventor diz-me que são "escrevideiras"! Parece que escrevem mensagens nas árvores com o bico. Sobem a escrever e, por vezes, descem a escrever. Mas, na prática, elas, quando não querem ou não podem subir mais, voltam à base do tronco e continuam na sua saga alimentícia, comendo mas parecendo que estão a escrever com o bico ou, então, passam para outra árvore ao lado.

melro.jpeg

O Ventor diz que este menino deve ser filho do nosso amigo melro - o Tobias

melro1.jpeg

São lindos estes meninos melros
 

Mas tivemos aqui mais um pequeno amigo. Um melrinho, rechonchudo que voou para o choupo e ficou ali uma manhã inteira a conversar comigo e com o Ventor. Eu nem sei como estes melrinhos e outros passarinhos conseguem escapar e virem a ser grandes. Ele ainda não sabe "falar" com o Ventor, só pia e, por isso, ainda não sabemos se é filho do Tobias. Está lá outro ninho e são da mesma igualha. O Ventor diz que, se for filho do Tobias e for tão simpático como o pai e a mãe, não tarda muito virá conversar connosco para o choupo.