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Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

A foto no cabeçalho é uma representação da batalha naval de Sinop, a qual fez parte de cerca de 300 anos das guerras russo-turcas. Já que o Ventor não diz nada, falarei disso por aqui. Rascunhos do Quico.

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Acabou a Primavera ...

... e o Verão já caminha há cerca de uma semana.

O tempo não é perfeito e não chega para tudo.

Para mim, o tempo é uma desgraça! Aqui, sentado ou deitado, no Miradouro que já foi do Quico e agora é meu, olho a copa das árvores e pouco ou nada vejo. Tem sido assim toda a Primavera!

Os pássaros sobem e descem as árvores, saltitam de ramo em ramo e eu a ver. 

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Sempre atenta ao que o Ventor fazia 
 

 Os cães, atrelados ou soltos, caminham na relva, a relva que era minha e onde eu era rei.

Às vezes distraio-me e adormeço. Quando acordo dou com o Ventor a fotografar as flores do jardim, os patos, as rolas turcas, a família Tobias, sei lá ...

Ontem ele pegou na máquina, desceu as escadas e, eu fui logo a correr para o Miradouro. Até me assustei. Mesmo coxo, andava num reviranço, a tentar fotografar estorninhos. Depois foi para o rio e nunca mais de lá saia! Andava atrás de um passarinho pequenino que ele diz ser uma carricinha ou, então,  a ver as rolas turcas a descascarem-se para tomar banho. A família Tobias também queria mas, com o Ventor por perto, a madame Tobias não conseguia arregaçar as penas das coxas para entrar na água.

Eu só a ouvia gritar: "Tobias, pede ao Ventor para ir embora, senão não tomo banho hoje"! Espreitei por entre os choupos e lá estava ela, econdida entre a folhagem de outro choupo, nas margens do rio. O Tobias, todo desengonçado, dentro de água, só se ria.

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As Verónicas, no campo das flores tão semelhantes à carricinha. Minorcas!

 

Mesmo assim, o Ventor decidiu-se por sair de lá mas viu viu umas flores azuis, muito pequeninas, entre a relva do jardim e decidiu fotografá-las. Esteve ali, de rabo para o ar, de máquina na mão e a madame Tobias num sufoco.

Por fim, lá apareceu o Ventor, em casa, com a máquina cheia de flores e animais para eu me entreter.

Mas o que eu queria, era pisar a relva!

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Outras flores tão minorcas como as verónicas. O Ventor não sabe o nome destas e eu não estudei botânica. Mas se o Ventor descobrir, eu colocarei aqui

 

Vocês já ouviram falar num arnês? O Ventor disse-me que ia comprar um arnês para me levar com ele. Diz que se vai estar nas tintas para a Vet. Ela recomendou-lhe que não me levasse à rua por causa das doenças e das pulgas, ... isso eu ouvi!

Mas eu tenho tantas saudades de pisar a minha relva! De desafiar os cães para uma corrida. Eu penso que vocês sabem que a boa vida não interessa a ninguém e, muito menos, ao vosso amigo Pilantras. Estou tramado!

Já passou o Inverno, a Primavera, e já caminho pelo verão fora e eu, sem pisar a minha relva. Só a vejo!

A Beleza do Azevinho

Azevinho, ilex aquifolium, a única espécie que nasce espontaneamente na Europa e que foi levada para a América do Norte, Austrália, ... onde é considerada uma planta invasora.

O azevinho é uma das numerosas espécies, do género ilex, a única espontânea da Europa e em volta do Mediterrâneo.

Os frutos do azevinho são umas bolinhas vermelhas a que chamamos drupas e persistem todo o inverno, sendo os ramos do azevinho com esses frutos vermelhos, muito apreciados pela época natalícia para enfeitar as casas.

É um arbusto que corre perigo de desaparecer devido à colheita excessiva na época natalícia mas o Ventor já me falou de um azevinheiro que tinha na Assureira e que há mais de 60 anos, lhe cortavam raminhos para o Natal e madeiras para fazerem tamancos e socas. O pai do Ventor usava troncos de azevinho para fazer os tamancos para eles.

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Um azevinheiro de Sintra, mais que um arbusto, uma árvore

Há onze anos, muitos anos depois de ninguém usar aquele azevinheiro para nada, o Ventor foi à Assureira fazer uma homenagem ao seu belo azevinheiro dos anos 50 e 60' e só haviam uns resíduos verdes da sua existência. O azevinheiro foi morto pelos matos que o envolveram e as suas sombras. Disse-me o Ventor que foi uma tristeza ver o seu lindo azevinheiro praticamente desaparecido.

Para recordar a alguns a beleza dos azevinhos, deixo-vos aqui uma foto que o Ventor trouxe de Sintra, onde às vezes mata saudades e recorda que os azevinheiros ainda existem.

Uma Caminhada pela Arrábida

Desta vez calhou ao Ventor comer as sardinhas de Santo António, pelos sopés da serra da Arrábida.

Mas não foi só pelo Santo António. Foi pelos seus amigos, pelas flores, pelos sobreiros, pelos caminhos de terra batida, pelo sol, pelos fetos, ... Sim, pelos fetos! Fetos? Bem, para mim, também os conheço mas, para o Ventor, os fetos são seus companheiros desde o berço. Ele, já me disse que sabe que os fetos podem ser um estorvo em determinadas circunstâncias mas, tudo tem o seu valor, até os fetos!

 
Flores de S. João, "botões azuis, botânicamente, "jasion montan, L.", nos sopés da serra da Arrábida
 

Os fetos deverão existir por muitas latitudes, diz ele. Diz que, no Brasil, os tupis (indígenas brasileiros) chamam-lhe simambaias e, isso, significa que também há fetos no Brasil. Ele também já me disse que começou a observar os fetos nas suas Montanhas Lindas, lá pela Açoreira.

Contava-lhe a sua mãe que, com poucos meses de vida, dormia à sombra de fetos, junto ao muro do Curral enquanto seu avô enchia os cestos do esterco das vacas que as mulheres transportavam para as lavouras e, uma cobra, saída dos buracos do muro, cheia de inveja, com o cheirinho a leite, foi deitar-se ao lado do Ventor, entre os fatelos. Como o Ventor não gostava daquela coisa fria e escamuda, junto de si, desatou num berreiro e seu avô foi ver o que se passava.

Seu avô pegou na cobra e espetou-lhe com a cabeça contra o muro, matando-a. Seria a primeira vez que o Ventor terá tido responsabilidade indirecta por uma morte. Se calhar, terá sido por isso que o Ventor, até aos seus 15 anos, foi o terror das cobras, dos lagartos e de todos os animais rastejantes e não só. Como o Ventor ainda choramingava, seu avô tirou um grupinho dessas flores de entre os fetos e começou a brincar com o Ventor, fazendo-o rir.

Mas, voltando às fraldas da Arrábida, os fetos ofereceram ao Ventor as suas flores lindas de criança - as flores de S. João. Foi assim que a sua mãe o ensinou a chamar-lhe. Isso porque, segundo ele julga, elas apareciam sempre por alturas do S. João. Daí o nome de flores de S. João. Mas hoje, eu dei uma ajuda ao Ventor e, os dois, descobrimos o nome botânico das suas lindas florezinhas azuis - Jasion Montan, L., e que há pessoas que lhes chamam "botão azul".

Saídas de entre os fetos elas saúdam o Ventor

No dia de Santo António, deste ano, 13 de Junho, o Ventor fez a terceira grande festa às "Jasion Montan" - os botõezinhos azuis. Quando o Ventor saiu da sua terra, nunca mais viu os tais botõezinhos azuis que ele apanhava para dar à sua mãe. Como caminhava sobre alcatifas, era natural que não houvesse, pelos seus trilhos, "jasion montan". Apareciam flores sim, mas em jarras! Flores lindas dos jardins e das explorações comerciais que nada tinham a ver com as flores silvestres que ele conhecia. Um dia, na serra de Monchique, no Algarve, descobriu as suas florezinhas de S. João.

Quando ia de visita à sua terra, já as flores tinham desaparecido. Um dia, caminhando pelos Picos da Europa, deparou-se com as suas flores lindas e o Ventor esqueceu tudo. Dedicou-se às suas flores lindas. Agora todos os anos que vai a Adrão, tem sempre a visita das suas flores preferidas.

 
Mas na Arrábida há muitas belas flores como esta centáurea rosa
 

Pela Galiza, por todo o Minho, Adrão, Peneda, Castro Laboreiro, Soajo, por todos os caminhos, basta olhar os socalcos como há 50 anos atrás e lá estão os botõezinhos azuis, gritando alto: "olá, Ventor"!

Foi assim este dia de Santo António. Do meio dos fetos, todos em uníssono, gritaram "olá, Ventor"! Foi uma surpresa que o Santo António quis fazer ao Ventor! Santo António sentia ciúmes da amizade do Ventor pelo S. João e sabia que as florezinhas azuis tinham a ver com isso. Este ano antecipou-se e pediu às "jasion montan" para saltarem do meio dos fetos e saudarem o Ventor. Assim, o Ventor, as "jasion montan" e o Santo António festejam juntos, sob a luz e o sorriso do seu amigo Apolo as fores azuis que também mostram as suas belezas entre os fetos e os sobreiros dos sopés da serra da Arrábida. 

Os Falcões da Floreira

Na floreira da Amadora, os amigos do Ventor, Zuzu e Margarida, voltaram a criar, nova rapaziada, este ano. Eu não os vi mas o Ventor diz que são incríveis!

O Ventor, ontem, no Dia da Raça, não será raça de gatos, com certeza, eu nunca percebo este gajo! Dizia eu, foi ele que me disse, foi levar os seus amigos do Norte apanhar o comboio para casa. No regresso, voltou a passar pelo bairro dos Falcões da Floreira. Diz que foi só um desviozinho!

Encostou o carro e encontrou um deles sobre um prédio, ao lado da chaminé. O falcão começou a mirá-lo e ficou por ali, sempre com o olho no Ventor. Virou-se para o Ventor e, com biquinho de malandro disse-lhe: "vais-te roer todo, Ventor, para me tentares apanhar a anilha e identificar-me"! O Ventor chateou-se com ele! Achou-o malandreco e disse-lhe: "é melhor que te cales senão, quando o meu amigo Zuzu aparecer por aqui, ainda levas uma tareia e vais aprender à tua custa".

 

Uma das belezas da floreira, observando o Ventor

Aquilo não atava nem desatava. O Ventor manteve-se dentro do carro e, com uma grande soneira, ia adormecendo. Ele olhava e via um aqui, outro acolá, pelos telhados. Haviam três a observar o Ventor e o Ventor a eles. De repente, do meio das chaminés, saiu a Margarida a desafiar os filhotes para uma sessão de caça. O Ventor ficou alarmado com o burburinho! Apontava a máquina para todos os lados. Uns pela esquerda, outros pela direita, por entre as chaminés e a sessão falhou! Mas a coisa não ficou assim! Vindo das alturas, apareceu o papá Zuzu e desencadeou um arraial ainda maior. O malandreco voou sobre o Ventor e foi ter com o Zuzu mas, ele e outro voltaram para os telhados. A Margarida arrancou com dois e começaram a peneirar os ares dizendo: "vamos lá filhos, mostrem ao Ventor como se faz e como são desembaraçados"!

 

Um deles peneirando o ar, nos céus da Amadora, procurando caça. Náo tarda muito, será cada um por si

A Margarida tirava-os do torpor em que se encontravam. Veio o Zuzu com outros dois e um dos da Margarida regressou às chaminés. Ficaram cinco a peneirar o ar para o Ventor observar. Zuzu,Margarida e três filhotes aterrorizavam os arrabaldes. Tudo fugia. "Não há nada neste matagal - diz o Zuzu - vamos procurar espaços abertos". Dirigiram-se para lá do IC 19, para a Academia Militar. Diz o Ventor que, dos confins do espaço, o Zuzu gritou que já voltavam.

Os doi cansadinhos das chaminés, ficaram para trás, um pouco ensonados. Mas quando viram o grosso da família de abalada, decidiram-se por ir atrás deles. No entanto, ainda mostraram ao Ventor como também sabiam peneirar o ar.

 

Este está de olhos nos olhos com o Ventor. Eles são mesmo belezas deste mundo

O Ventor dirigiu-se para o carro e arrancou mas encostou do lado esquerdo porque um tinha voltado para trás e gritou: "não vás já embora Ventor que vamos voltar já. Vamos só arranjar lanche"!

Entretanto, chegou um senhor num carro e perguntou ao Ventor o que andava ali a fazer de máquina em punho. "Eu estava a tentar aprender a voar para acompanhar aqueles mas não consigo. Apetecia-me ir com eles e fazer a reportagem de uma caçada"!

O Ventor é maluco mas apareceu outro maluco pela frente. O homem disse-lhe que foi sargento na guerra de Angola e que lhe pegaram pelos colarinhos e o obrigaram a especializar-se em minas e armadilhas. O Ventor perguntou-lhe se se deu bem com essa nova tarefa. "Ah pois não! Que acha! Nunca bebi tanta água na minha vida e não era pelo calor. Transpirava tanto"!

Cada um tem as suas tormentas na vida e eles ficaram a falar delas durante mais uma hora. Quando a família Zuzu regressou, acabou-se a conversa! O Ventor meteu os olhos no ar e desistiu de fotografar. Os seus amigos ficaram a fazer passagens baixas por cima deles e o Ventor ficou extasiado observando o céu da Amadora. Depois veio para casa e contou-me tudo.

Taj Mahal

O Taj Mahal é uma Obra de Arte construída nos anos 1632-1653. Já o Ventor falou aqui do Taj Mahal, no blog a  Caminhada do Ventor  onde nos fala do essencial do Taj Mahal e também nos dá uns lamirés no post Ormus, no Golfo Pérsico  no Blog, A Grande Caminhada.

 
O Taj Mahal, visto do rio Iamuna.
 

Que poderia eu dizer agora sobre essa obra de arte a que um amigo do Ventor chamou "Amor de Pedra Feito"? Muito, claro! Há tanto para dizer sobre a cidade de Agra, sobre o seu Taj Mahal, sobre o seu rio Iamuna cujas águas passam a beijar as fundações do belo Taj Mahal.

Há tanto para falar sobre essa preciosa obra de arte que incorpora tradições do Islão, da India, da Pérsia e da arquitectura mongol.

 Um vídeo do Youtube que nos mostra o Taj Mahal e o Forte de Agra 

Mas, se repararem bem, verão que, quando o grande Shah Jahan, Imperador Mongol, no sub-continente indiano, nome que vem do persa e significa "Rei do Mundo", construía o seu Taj Mahal, já os portugueses de então, flutuavam pelas bordas (costas da Índia), já lutavam contra tudo que era mongol ou aliados, já construíam fortes, lutavam, por ali, contra os "inimigos da cruz" (turcos, mongóis e ... castas? Se o Ventor me pedir, só se me pedir, ainda um dia falarei por aqui, das castas indianas.

Voltarei a falar do Taj Mahal mas, por outras razões. Não pela sua história de amor que terminou em: "Amor de Pedra Feito".

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