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Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

A foto no cabeçalho é uma representação da batalha naval de Sinop, a qual fez parte de cerca de 300 anos das guerras russo-turcas. Já que o Ventor não diz nada, falarei disso por aqui. Rascunhos do Quico.

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Um Ninho

Depois de umas pequenas passeatas por aí, em volta e de eu ter postado alguns posts, como os escambrueiros e Caminhando por Sintra, achei por bem fazer um com a família da Isabelinha, a velha amiga do Quico e do Ventor.

O Ventor mostra-me tudo. Até me trouxe um ninho para casa!

Este ninho foi feito por descendentes da Isabelinha, a galinha d'água que gostou de informar o Quico como era e tinha sido a vida dos seus ascendentes e delas pelos riachos nas encostas de sol e flores, nos arredores de Lisboa.

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 Um ninho de galinha d'água a céu aberto, sobre uma rocha do rio
 

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No centro do rio, sobre uma rocha, apenas coberto com o manto azul do céu, como o berço do Ventor
 
Quando o Ventor caminhava uma manhã junto a uma das ribeiras que rasga as encostas soalheiras da Grande Lisboa, viu uma das descendentes da sua amiga Isabelinha, aparecer-lhe pela frente sem saber de onde. Depois viu a galinha d'agua agachada por trás da pedra que lhe sustentava o ninho.
 

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A galinha d'água a chocar os seus ovos

O Ventor voltou lá noutro dia e apanhou-a no ninho a chocar os seus ovos, toda encantada sem lhe fugir porque ela sabe que o Ventor não lhes faz mal.

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O machão da galinha vela pela segurança deles e dos seus ovos

 
Perto do ninho, o seu machão velava pela segurança de ambos e dos ovos. Tentou, perante a proximidade do Ventor, esconder-se naquele cano de águas residuais, um dos seus fabulosos esconderijos, porém, reconhecendo que o Ventor não era uma ameaça, desistiu. Belezas penudas, companheiros do Ventor e eu, aqui, esperando as fotos. Estas não são nossas vizinhas mas são iguaizinhas.
 

Caminhando por Sintra

O Ventor há já bastante tempo que não caminhava por Sintra.

Eu nem sei onde isso fica mas, pelo que o Ventor me conta e pelas fotos que ele trouxe, mais uma vez, acho que se trata de uma terra linda. Diz o Ventor que Sintra, apesar de ser uma das localidades mais belas de Portugal, é também Património Mundial da Humanidade.

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 Uma figura imaginária de Lord Byron, em Sintra

Pudera! Sintra é uma vila portuguesa que não quer ser cidade e, segundo o Ventor, há vilas em Portugal que são muito mais famosas que muitas cidades. Sintra é uma delas!

Muitos senhores deste mundo já passaram por Sintra, alguns deles, famosos, já viveram em Sintra. Destes, de passagem ou vivendo por algum do seu tempo na maravilhosa Sintra, compararam-na a um Éden.

De facto, Sintra foi casa de reis e foi também algo de extraordinário para alguns lordes ingleses, que tinha tudo de belo mais as suas brumas e nevoeiros, tal como na sua velha Albion.

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Símbolo dos súbditos de sua Majestade, na sua passagem por Sintra

Sabem que uma vez, em Moçambique, um tripulante de um avião rodesiano, disse ao Ventor quando este lhe perguntou se, caso houvesse uma guerra entre a Rodésia e a Inglaterra, se já tinham pensado como seria triste terem de lutar contra a terra que os viu nascer? De sete, três pelo menos tinham nascido em Inglaterra e um deles disse ao Ventor, apenas isto: "se tiver de lutar contra a Inglaterra não terei problema algum porque da Inglaterra, apenas tenho saudades dos nevoeiros"!

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Uma das mais belas imagens de Sintra, O Palácio Nacional de Sintra, velho lar de reis

O Ventor contou-me esta historieta para me recordar que, provavelmente, os ingleses que gostaram tanto de Sintra como Lorde Byron e outros, terá sido por lhes fazer recordar os nevoeiros e neblinas inglesas. Em Sintra havia tudo isso e mais a beleza fantástica da sua serra, do seu mar dos seus palacetes e dos seus jardins.

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Uma das belas charretes que levam os turistas a passear por Sintra

O Ventor rodava, hoje de manhã, no IC XIX (IC 19) rumo a Sintra e, olhando o topo da serra de Sintra, observou o seu famoso chapéu a cobrir toda a serra. É um chapéu que o seu amigo Neptuno manda as suas fadas fabricar para o colocarem lá só para chatear o Ventor. Claro que o Ventor não gosta de muitas coisas que os ingleses gostam e acha que Sintra deve ser o seu ideal. Calcula que, quando eles se levantavam de manhã, ofuscados pelo nevoeiro, ao verem o nosso amigo Apolo a esculpir a sua serra, desfazendo aquele trabalho das fadas de Neptuno, seria, então, que eles viam toda a envolvência de Sintra transformar-se no seu belo Éden.

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Uma bela imagem que nos dá uma ideia da vida dos sintrenses

Mas o Ventor não gosta de se deslocar a Sintra com a sua bela serra bloqueada, nem sequer, para satisfazer os ingleses, como os seus Byrons e outros. Afinal, tudo não passa de efemérides. Byron disse que Sintra era um Éden mas, por várias razões, ele não se terá dado bem com esse Éden porque acabou por ir morrer à Grécia. Ainda tão jovem e, se calhar, porque deixou o seu Éden para trás. Não fosse isso e teria escrito muitas coisas lindas sobre o Éden de Sintra e, quem sabe, os nevoeiros ingleses. Mas ele decidiu ir até à Grécia e lutar ao lado dos gregos pela sua independência. Não foi por acaso que os gregos lhe terão erguido uma estátua. Se calhar encontrou lá um outro Éden pelo qual valeria a pena lutar contra os turcos e, em Sintra, as lutas eram outras e as tropas napoleónicas seriam, talvez, piores que as turcas. Byron esteve em Sintra quando das invasões francesas a chamada Guerra Peninsular, entre 1807 e 1814. Em 1809 andava ele por Sintra e os franceses andavam por aí.

Uma belíssima parelha que vai rebocando as charretes por Sintra

Mas Sintra continua bela, continua a caminhada do seu Éden e os Byrons, lordes ou não, vão desaparecendo ficando Sintra, resguardando nas suas memórias o que os Byrons contaram sobre ela e falando ela sobre eles, recordando que homens como Byron, também fazem parte da sua bela existência.

E, o Ventor, sempre que pode, vai caminhando por Sintra, comendo os seus travesseiros, bebendo o seu café e sonhando com tudo isto, especialmente, com Sintra.

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Mais uma bela imagem que nos diz algo de Lord Byron e de "Cintra" o seu Glorius Éden

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Flores de Sintra que o Ventor me pediu para colocar aqui, homenageando Lord Byron

Os Escambrueiros do Ventor

«Escambrão! Era assim que lhe chamávamos em Adrão», conta-me o Ventor.

São histórias como as que contava ao seu amigo Quico.

O nome oficial destes arbustos é: "crataegus monogyna"! Vale mais chamar-lhe "escambrão" como a gente de Adrão e o Ventor. Tem acúleos muito fortes. Picam e rasgam a roupa num ápice. É preciso grande treino para caminhar num jardim de escambrões, como o "jardim do Grilo", nos anos 50!

"Tem cuidado Ventor, com os escambrões"!

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Este espinheiro-alvar, escambrueiro, ... ou crataegus monogyna, é uma das belezas do meu rio

«Era assim que a minha mãe dizia quando eu tinha de ir buscar as vacas, junto ao rio, lá no fundo do Grilo, entre o Eido e a Açoreira. À sombra dos escambrueiros, as ervas eram apetitosas para as vacas, em determinadas épocas do ano, especialmente pelo Outono dentro, após as primeiras chuvas. Era nessa altura que eu ia tirando e petiscando os frutinhos dos escambrueiros».

Esta é uma história que o Ventor me contou, sobre um arbusto que há aqui junto ao nosso rio. A esse arbusto, muitas pessoas chamam vários nomes, conforme as suas regiões. É um arbusto que este vosso amigo Pilantras conhece bem pois já dormi várias sonecas à sua sombra, junto ao nosso rio e, se algum cão embirrava comigo por lhe tirar a sombra, eu fugia para os buracos ali perto, na margem do rio. Nessa altura, já o Ventor me chamava Pilantras e ainda eu não sabia que viríamos a ser grandes amigos e partilharíamos o comer, a cama, as cadeiras, os sofás, os computadores, ... Tudo!

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Estes são os seus frutos, os pilritos, ... uma bela despensa para os amigos do Ventor, como o Tobias, os gaios e demais passarada. Só por isso e pela sua beleza, vale a pena velarmos por eles

Por isso, e recordando os tempos em que o Ventor vivia uma vida um pouco parecida com a minha, dos meus primeiros tempos, hoje apetece-me falar deste belo arbusto que nos oferece flores branquinhas ou com uns tons rosa, tão lindas que parecem noivas a caminho do "enforcamento"!

As flores dos espilriteiros são das primeiras a aparecer e, diz-me o Ventor que, em várias zonas do país, já o Inverno deixa os espilritos floridos para fazerem uma bela recepção à sua mana Primavera. É, talvez, o primeiro arbusto florido que o Ventor fotografa todos os anos. Ele já dizia ao Quico e agora a mim, que as flores são eternas mas, apenas, na sua renovação porque, todos os anos elas nascem e morrem.

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As suas flores branquinhas ou raiadas de rosa, sobre aquelas belas folhas de um verde lindo, são uma das muitas belezas deste mundo

Voltando às histórias do Ventor, ele continua:

«Nós, os putos de Adrão, tínhamos os nossos trabalhos e, as vacas, as ovelhas, as cabras, de modo geral, eram prioritárias para além da escola. Naqueles tempos, os espilritos por baixo do caminho do Grilo, até ao rio, eram tantos que aquela encosta parecia um jardim todo florido de branco. Como eu andava muito por lá, levava uma foice e abria caminhos para chegar insuflado ao destino. Sim, porque com aqueles acúleos (picos), cada furo podia esvaziar o ventre do Ventor.

No tempo dos frutinhos maduros, no Outono, o Ventor ia trincando um ou outro e às vezes era uma mão cheia deles. Esses frutinhos são um pouco enfarinhados, quando bem maduros e, a minha mãe dizia-me para não comer muitos que podiam fazer mal.

Hoje o Ventor sabe porque a sua mãe e o seu pai lhe diziam isso e eles nunca tiveram a informação que o Ventor tem hoje dessas coisas. Uma vez, o Ventor ouviu na rádio um engenheiro agrícola falar dos espilritos e, então, ficou a saber que, segundo o tal engenheiro, o espinheiro-alvar, o nosso escambrão ou "crataegus monogyna", dá remédios para doenças cardíacas. Por isso, podem provar à vontade os "perinhos" dos escambrões mas não abusem porque eles, tal como as flores e as folhas podem provocar aceleramento cardíaco e sei lá que mais.

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Os seus frutos, alimentam a passarada e todos os que os saibam comer com moderação

Com uma colher de flores ou de folhas ou de flores e folhas dos escambrões, 3 vezes ao dia, podemos ajustar a pressão arterial, e a circulação sanguínea, etç. Não esqueçam que os sabichões de hoje aprenderam tudo com pessoas que só sabiam o que a experiência lhe foi ensinando.

Hoje, o Ventor olha os escambrões deste mundo e continua a admirar as suas flores como uma das coisas belas das encostas de certos monte e dos nossos jardins.