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Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

Pilantras com o Ventor

O gato Ticas, nos trilhos do Ventor

A foto no cabeçalho é uma representação da batalha naval de Sinop, a qual fez parte de cerca de 300 anos das guerras russo-turcas. Já que o Ventor não diz nada, falarei disso por aqui. Rascunhos do Quico.

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Os Morcegos

Hoje vou falar-vos de um animal que o Ventor me falou e que eu via voar no Parque Aventura, na Amadora, nos meus tempos de gato livre. Eram eles que, tal como as andorinhas, limpavam os insectos que nasciam aos milhões na ribeira da Falagueira. O meu entretenimento era só esperar se eles desciam mais um pouco, pelo menos até à altura do meu impulso e, então, talvez conseguisse apanhar algum para mostrar ao Ventor que também percebo algo de morcegos. Agora, em Massamá, nem os vejo. É por coisinhas destas que eu tenho saudades do Parque Aventura. Não pela fome que lá passei e que a minha Dona fazia tudo por me matar essa maldita.

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Este é um belo exemplar que o Ventor tirou da nossa amiguinha Wikipédia, carregado por Fallschirmjäger

Este morcego é uma espécie a que chamam Corynorhinus townsendii e pertence à família Vespertilionidae e que habita na América do Norte, menos nos gelos árcticos.

Claro que os morcegos pertencem a muitas espécies (serão, segundo os especialistas, mais de 1.100). Mas o Ventor contou-me três histórias sobre morcegos e eu, aproveito e, enquanto espero que os antiinflamatórios façam algum efeito na coluna dele, vou falar-vos dessas interacções entre os morcegos e o Ventor, aqui.

Como sabem, pelo menos os mais próximos amigos do Ventor saberão, ele nasceu numa bela aldeia de montanha, situada a cerca de 500 metros do nível do mar, nas fraldas da serra de Soajo (eu já lá estive). Um dos entretimentos que o Ventor e os seus amigos de infância tinham, era tentar apanhar morcegos à paulada ou então à pedrada, sendo eles as máquinas voadoras e as pedras, os mísseis lançados pelas mãos e braços do Ventor e compinchas. Mas os morcegos já há muitos milhares de anos (milhões?) que utilizam o sonar e, normalmente, safavam-se sempre. Utilizavam um estratagema a que os homens chamam biossonar ou localização por ecos.

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A ponte de Adrão. Hoje esta ponte tem amparas sólidas e altas, onde todas as crianças podem brincar sem receio de cair sobre as rochas do rio. No nosso tempo as amparas de pedra eram baixinhas e, até havia um local onde não havia ampara nenhuma. Ali travávamos as nossas guerras com os morcegos. Nós com uma vara e eles, com a biosonar

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Aqui é o Carril, um dos nosso campos de batalha contra os morcegos. Felizmente eles levavam a melhor

Havia, então, nesses tempos, uma guerra entre morcegos e putos que, felizmente, os putos perderam.

Mas o Ventor tem outra história com um só morcego, uma espécie de morcego raposa, um morcego que, em Marrupa, no Norte de Moçambique, teve o descaramento de desafiar o Ventor para um duelo. Apareceu na placa, junto às nossas máquinas voadoras, um grande morcego que o Ventor, com um pau na mão se foi aproximando, com a intenção de o observar melhor. O morcego começou a voar à sua frente, em volta da placa, sempre um metro acima do Ventor dois ou três metros à frente. Chegou uma altura que o Ventor entendeu que o morcego estava a gozar com ele.

Perseguiu o morcego, dando quatro voltas à placa e o resto do maralhal ria-se da palermice do Ventor. Na quarta volta, o Ventor, já chateado, meteu o turbo, quase voou como o morcego e, sem mais, deu-lhe uma cacetada, provando aos presentes que, qualquer máquina pode derrubar outra mesmo que, essa outra, utilize o biosonar. O Ventor arrependeu-se mas já era tarde e nunca mais esqueceu esse morcego.

Agora, há dias, na mata do Jamor, o Ventor e um amigo que também tentava fotografar os pássaros, amigos do Ventor, conversavam sobre essas belezas voadoras e, de repente, começaram a observar um "pássaro" que voava na vertical, tentando chegar à água. Mas que pássaro é este? Não era um pássaro! Era, realmente, o único mamífero voador. Seriam cerca das quatro horas da tarde, estava calor e, a sede, terá feito com que aquele animalzinho, saísse do seu esconderijo e fosse à procura da água. Ele voava na vertical entre uma altura de 1 e 1,5 metros da água.

Nem o Ventor nem o amigo ficaram a saber se o morcego bebeu água. Arrancou rumo às árvores e ficou escondido até, provavelmente, chegar a hora de ir procurar comer.